quarta-feira, 15 de maio de 2013

África do Sul: morte em rituais de passagem


Pelo menos 20 jovens de entre 15 e 21 anos morreram na última semana na África do Sul em ritos tradicionais de passagem à idade adulta que incluem a circuncisão, informou nesta quarta-feira a polícia local.

Os rituais, em que os jovens precisam permanecer a céu aberto e sem nenhum tipo de atendimento médico durante várias semanas em locais isolados, aconteceram em escolas de iniciação da província nordeste de Mpumalanga.

A polícia, que até o momento não realizou detenções em relação às mortes, continua reunindo provas e testemunhos sobre os fatos. "A perda de várias vidas jovens em Mpumalanga e em outras partes do país é lamentável", disse em comunicado o ministro da presidência, Collins Chabane.

Chabane confirmou que as vítimas iam a escolas de iniciação para atingir o status de homens. "Pedimos aos líderes tradicionais para trabalhar junto ao governo para evitar essa lamentável perda de vidas", acrescentou Chabane.

A autoridade de assuntos tradicionais do governo provincial de Mpumalanga, Simon Skhosana, e o presidente da associação provincial dos líderes tradicionais, Kgoshi Mathibela Mokoena, enviaram suas condolências às famílias dos mortos.

Segundo os governos locais, os serviços públicos de salvamento enviam infraestrutura aos locais onde há escolas de iniciação, para serem usadas como clínicas móveis em caso de complicações durante os rituais.



Dezenas de adolescentes morrem por ano na África do Sul em escolas de iniciação, pelas quais passam milhares de jovens anualmente. Apesar dessas cerimônias serem consideradas por muitos parte essencial da cultura africana, organizações de proteção da infância denunciam o tratamento "desumano" que os adolescentes frequentemente suportam para serem respeitados como adultos em suas comunidades.

Fonte: Terra com Agência EFE
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Quando um menino se torna um homem, é motivo de celebração para a tribo Xhosa da África do Sul. O abakwetha (o iniciado) é barbeado e um banquete é oferecido para ele. Depois ele é levado para uma cabana nas montanhas que será sua casa pelas próximas semanas. Sem nenhuma preparação, o “cirurgião” aparece e realiza o procedimento de remoção do prepúcio e depois o rapaz é deixado sozinho até “se curar”. A lâmina usada na cirurgia, por si só, representa um grande risco, já que é usada para vários homens sem nenhum processo de limpeza, podendo causar infecções e transmissão de DSTs. Um dos maiores medos dos meninos que vão passar pela iniciação é ouvir que o garoto que veio antes dele teve que ser hospitalizado.