Moçambique é um belo país situado na costa oriental da África Austral, limitado a norte pela Tanzânia, a noroeste pela Zâmbia e Malawi, a oeste pela Suazilândia e pelo Zimbabwe, a sul e oeste pela África do Sul e a leste pelo Canal de Moçambique.
A metade norte (a norte do rio Zambeze) é um grande planalto, com uma pequena planície costeira bordejada de recifes de coral e, no interior, limita com maciços montanhosos pertencentes ao sistema do Grande Vale do Rift. A metade sul é caracterizada por uma larga planície costeira de aluvião, coberta por savanas e cortada pelos vales de vários rios, entre os quais o mais importante é o rio Limpopo.
Moçambique está dividido em 11 províncias: Niassa, Cabo Delgado, Nampula, Zambézia, Tete, Manica, Sofala, Gaza, Inhambane e Maputo, mais a cidade de Maputo que tem estatuto de província e governador provincial.
As províncias estão divididas em 128 distritos, os distritos subdividem-se em postos administrativos e estes em localidades, o nível mais baixo da administração local do Estado.
Demografia - Moçambique tem uma população estimada em 19,286 milhões (dados de 1999, UNUPOP). É um país multirracial de esmagadora maioria negra, mas as tensões sociais não se verificam entre os diferentes grupos étnicos, mas entre o norte (pobre) e o sul (mais desenvolvido). Quanto à composição étnica 46,1% são macuas, 53% tsongos, malavis e chonas, e 0,9% outros (dados de 1996).

Cerca de 30% da população concentra-se nas cidades, e a restante nos campos. As principais cidades são Maputo (931 600 habitantes), Beira (298 800) e Nampula (250 500) (dados de 1991). Apesar da guerra, as catástrofes e epidemias, a taxa de crescimento populacional contínua elevada.
Antes da independência (1975), a população total de Moçambique passou de 6 603 651, em 1960, para 8 168 933, em 1970.

Em 1960, a população branca era de 97 268 pessoas. Em 1975 viviam em Moçambique cerca de 200 000 os portugueses, na sua maioria ligados funcionalismo público, empresas portuguesas e internacionais, mas também à agricultura e pequeno comércio. A comunidade indiana, em 1975, ligada ao comércio calcula-se que fossem entre 20 000 e 30 000 habitantes.
À época da independência existia uma pequena comunidade chinesa de cerca de 4 000 pessoas, concentrada em Maputo e na Beira, dedicando-se sobretudo ao pequeno comércio. Os negros constituíam cerca de 98% da população. Os mestiços seriam cerca de 0,5% do total.
Clima - O clima do país é húmido e tropical com estações secas de Junho à Setembro. As temperaturas médias em Maputo variam entre os 13-24°C em Julho a 22-31°C em Fevereiro. O clima é tropical, influenciado pelo regime de monções do Índico e pela corrente quente do canal de Moçambique.

Podem ser distinguidas três zonas em todo o território:
Norte e Centro: tropical húmido, tipo monçónico, com uma estação seca de quatro a seis meses.
Sul: Tropical seco, com uma estação seca de seis a nove meses.
Montanhas: Clima tropical de altitude

A estação das chuvas ocorre entre Outubro e Abril. A precipitação média nas montanhas ultrapassa os 2000 mm. A humidade relativa é elevada situando-se entre 70 a 80%, embora os valores diários cheguem a oscilar entre 10 e 90%. As temperaturas médias variam entre 20 °C no Sul e 26 °C no Norte, sendo os valores mais elevados durante a época das chuvas.
Colonização Portuguesa: Quando Vasco da Gama chegou pela primeira vez a Moçambique, em 1497, já existiam entrepostos comerciais árabes e uma grande parte da população tinha aderido ao Islão. Os mercadores portugueses, apoiados por exércitos privados, foram-se infiltrando no império dos
Mwenemutapas, umas vezes firmando acordos, noutras forçando-os. Em 1530 foi fundada a povoação portuguesa de Sena, em 1537, de Tete, no rio Zambeze, e em 1544 de Quelimane, na costa do Oceano Índico, assenhorando-se da rota entre as minas e o oceano. Em 1607 obtiveram do rei a concessão de todas as minas de ouro do seu território.
Por volta de 1600, Portugal começou a enviar para Moçambique colonos, muitos de origem indiana, que queriam fixar-se naquele território. Esses colonos, muitas vezes casavam com as filhas de chefes locais e estabeleciam linhagens que, entre o comércio e a agricultura, podiam tornar-se poderosas.
Em 1627, o
Mwenemutapa Capranzina, hostil aos portugueses, foi deposto e substituído pelo seu tio Mavura; os portugueses batizaram-no e este declarou-se vassalo de Portugal.
Em 1878, Portugal decide fazer a concessão de grandes parcelas do território de Moçambique a companhias privadas que passaram a explorar a colónia, as companhias majestáticas, assim chamadas, porque tinham direitos quase soberanos sobre essas parcelas de território e seus habitantes. As principais foram a Companhia do Niassa e a Companhia de Moçambique.

Com a "eleição" de Óscar Carmona, em 1928, que chamou Salazar para seu ministro das finanças, a administração das colónias como fonte de matérias primas para a indústria da "metrópole" tornou-se mais eficiente. Em 1930 foi publicado o
Acto Colonial, legislação que organizava o papel do estado nas colonias portuguesas:
* a nomeação de administradores para as circunscrições "indígenas", que passaram a organizar os seus pequenos exércitos de sipaios;
* os recenseamentos que determinavam a cobrança de impostos e a "venda" de mão-de-obra para as minas sul-africanas;
* a criação de "Tribunais Privativos dos Indígenas";
* a definição da
Igreja Católica como principal força "civilizadora" dos indígenas, passando a ser a principal forma de educação.
Depois, com a nova constituição portuguesa em 1933, Salazar e os seus braços nas colonias transportaram para África (e Índia) a repressão mais brutal sobre os indígenas, ao mesmo tempo que incentivavam os seus cidadãos mais pobres a emigrarem para essas terras.

Na década de 1950, o governo colonial lançou os Planos de Fomento para as colonias, incluindo o financiamento à construção de infraestruturas (principalmente as que estavam relacionadas com o comércio regional, como os portos e caminhos de ferro) e à fixação de colonos. O I Plano de Fomento, relativo aos anos 1953-1958, previa um investimento em Moçambique de 1.848.500 contos, com 63% destinados às infraestruturas e 34% ao "aproveitamento de recursos e povoamento".
Em 1950 chegam a Moçambique 50.000 colonos, e há notícia de que em 1960 chegaram mais 90.000. Estes podem ser considerados fatores que favoreceram a difusão da língua portuguesa neste país. Ao abrigo deste investimento, em 1960 já tinham sido instaladas no colonato do Limpopo 1.400 famílias. Apenas na década de 1960 se deu início a alguma industrialização.

Moçambique tornou-se independente de Portugal em 25 de Junho de 1975. O primeiro governo, dirigido por Samora Machel, foi formado pela
FRELIMO, a organização política que tinha negociado a independência com Portugal.
Línguas - De acordo com o artigo 10 da nova Constituição de 2004, "
Na República de Moçambique, a língua portuguesa é a língua oficial". No entanto, consoante o Recenseamento Geral da População e Habitação, realizado em 1997, ela é língua materna de apenas 6% da população, número que, na cidade de Maputo, chega aos 25%, apesar de cerca de 40% dos moçambicanos terem declarado que a sabiam falar (em Maputo, 87%).
O artigo 9 da Constituição diz ainda: "
O Estado valoriza as línguas nacionais como património cultural e educacional e promove o seu desenvolvimento e utilização crescente como línguas veiculares da nossa identidade". Em Moçambique foram identificadas diversas línguas nacionais, todas da grande família de línguas
bantu, sendo as principais (de sul para norte): XiTsonga, XiChope, BiTonga, XiSena, XiShona, ciNyungwe, eChuwabo, eMacua, eKoti, eLomwe, ciNyanja, ciYao, XiMaconde e kiMwani.
Mercê da considerável comunidade asiática radicada em Moçambique, são também falados o urdu e o gujarati.
Economia - Cerca de 45% do território moçambicano tem potencial para agricultura, porém 80% dela é de subsistência. Há extração de madeira das florestas nativas. A reconstrução da economia (após o fim da guerra civil em 1992, e das enchentes de 2000) é dificultada pela existência de minas terrestres não desativadas. O Produto interno bruto de Moçambique foi de US$ 3,6 bilhões em 2001. O país é membro da União Africana.
Principais produtos
agrícolas: Algodão, Cana-de-açúcar, Castanha-de-caju, Copra (polpa do coco), Mandioca, Pecuária, Bovinos (1,9 milhões), Suínos (193 mil),
Ovinos (122 mil).
Pesca - A cifra oficial de capturas era de 30,2 mil toneladas em 1996. O camarão é um dos principais produtos de exportação.
Minérios - Os principais recursos minerais incluem carvão, sal, grafite, bauxita, ouro, pedras preciosas e semipreciosas. Possui também reservas de gás natural e mármore.
Indústria - É pouco desenvolvida, mas autossuficiente em tabaco e bebidas (cerveja). No ano 2000, foi inaugurada uma fundição de alumínio que aumentou o PIB em 500%. Para atrair investimentos estrangeiros, o governo criou os "corredores de desenvolvimento" de Maputo, Beira e Nacala, com acesso rodoviário, suprimento de energia elétrica, e com ligação por ferrovia até aos países vizinhos.
Turismo - O país tem um grande potencial turístico, destacando-se as praias e zonas propícias ao mergulho nos seus mais de dois mil km de litoral, e os parques e reservas da natureza no interior do país.
Religião: (
dados 1980).
Religiões tribais 47,8%,
Cristianismo 38,9% (católicos 31,4%, outros cristãos 7,5%),
Islamismo 13%,
Outras 0,3%
ASPECTOS SOCIAIS: As famílias moçambicanas estão destruídas! O “casamento” parece durar em média quatro anos. A poligamia não só faz parte da cultura do povo, como é permitida pelo governo. O homem quando desposa a sua mulher, paga um dote (“lobolo”) à família dela e, por isso, quando ele não quer mais a mulher, então a devolve, mesmo tendo

filhos com ela. Ainda, os homens têm o direito de espancar as suas mulheres e muitas gostam de apanhar, pois assim se sentem amadas. As mulheres se “casam” com cerca de 12 anos de idade e ficando descasadas se entregam à prostituição. Os filhos sem pai, ou sem mãe, não só por causa dos divórcios, pois muitos morrem também por doenças terríveis, crescem sem base familiar e acabam transferindo tais coisas para as gerações seguintes. Isso ocorre em todas as classes sociais. Sem estrutura familiar não há sociedade!
O jovem aos dezoito é obrigado a se alistar no exército, onde é enviado para cidades distantes, por dois anos. Se ele não se apresentar ao serviço militar perde todos sos seus direitos de cidadania, inclusive emprego. Pode-se também fazer um acordo, que o jovem pague 350.000,00 mt até atingir a idade de 35 anos – é uma exploração cruel. Quando morre alguém, o governo remove o defunto para uma “geladeira” do próprio governo, onde fica cerca de quatro dias, para o atestado de óbito ser entregue à família – muita burocracia. Há liberdade religiosa, porém o governo endossa e estimula a idolatria e o curandeirismo (feitiçaria ou consulta aos ancestrais), chamando os curandeiros de “médicos tradicionais”. Aconselham a população que consultem os curandeiros, e isso ocorre em todos as classes sociais. Existe até uma "Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique - AMETRAMO".
No interior do país, no mato, animais como as serpentes são usadas para matar outros pelo feitiço: o espírito mal possui o animal e vai picar a pessoa para quem o mal foi encomendado.