sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Bangladesh - Menina estrupada é morta a chibatadas por atos imorais

Hena Begum (Foto: Arquivo pessoal/BBC)
Moradores protestaram contra sentença aplicada à jovem (Foto: Arquivo pessoal/BBC) Uma adolescente de 14 anos morreu após ter recebido 80 chibatadas em Bangladesh, como punição por ter tido um relacionamento com um primo que era casado.
A sentença tinha sido decretada por um tribunal religioso na cidade em que a jovem vivia, Shariatpur, no sudoeste do país, a 56 quilômetros da capital, Daca.
Hena Begum foi acusada de ter mantido uma relação sexual com seu primo de 40 anos de idade, que era casado. Ele também foi condenado a receber cem chibatadas, mas conseguiu fugir.
A adolescente desmaiou enquanto recebia as chibatadas e chegou a ser levada para um hospital local, mas não resistiu aos ferimentos, morrendo seis dias após ter sido internada.
O caso teve grande repercussão no país e provocou protestos de moradores de Shariatpur. Há relatos na mídia de Bangladesh de que Hena, na verdade, foi raptada e estuprada pelo primo.
O imã (clérigo muçulmano) Mofiz Uddin, responsável pela fatwah (sentença) contra Hena, e outras três pessoas foram presas. O caso está sendo investigado.

'Atos imorais' - Atraídos por gritos de socorro de Hena, moradores locais chegaram a acudir a adolescente. Mofiz Uddine também se dirigiu ao local, juntamente com professores da madrassa (escola de ensinamentos islâmicos) da região.
Os jornais bengalis informaram que em vez de tomar uma ação contra o autor do suposto estupro, os religiosos trancaram a jovem dentro de um quarto. No dia seguinte, o mesmo imã e representantes do Comitê da Sharia, o código de leis muçulmanas, acusaram Hena de ter cometido atos de ''sexualidade imoral'' fora do casamento.
Os religiosos disseram à polícia que Hena teria sido pega em flagrante quando mantinha relações sexuais com um morador do vilarejo.
Pessoas da família do primo casado também teriam espancado a adolescente, um dia antes da fatwa ter sido decretada.
Autoridades do vilarejo também exigiram que o pai da jovem pagasse uma multa equivalente a R$ 419.
Na quarta-feira, um grupo de moradores de Shariatpur foi às ruas em protesto contra a fatwa e contra os autores da sentença.
''Que tipo de justiça é essa? Minha filha foi espancada em nome da justiça. Se tivesse sido em um tribunal de verdade, minha filha jamais teria morrido'', afirmou Dorbesh Khan, o pai da adolescente.
Punições realizadas em nome da sharia (legislação sagrada islâmica) e decretos religiosos foram proibidos em Bangladesh, país secular, mas de maioria muçulmana, desde o ano passado.
Comitês que obedecem princípios religiosos vêm se tornando influentes em diferentes países com população de maioria islâmica, mesmo sendo ilegais em muitos deses países.
A sentença contra Hena Begum foi a segunda morte provocada por uma sentença ligada à sharia desde que a prática foi proibida pela Corte Suprema de Bangladesh.
Cerca de 90% dos 160 milhões de habitantes de Bangladesh são muçulmanos, dos quais a maior parte segue uma versão moderada do Islã.

Fonte: BBC Brasil
Publicado no G1 em 04/02/2011

Dados gerais

Capital
Daca

Governo
Parlamentarismo democrático, chefiado pelo presidente Zillur Rahman desde fevereiro de 2009

População
161,3 milhões (27% urbana)

Área
143.998 km2

Localização
Sul da Ásia

Idiomas
Bengali, inglês

Religião
Islamismo 85,8%, hindu 12,4%, cristianismo 0,7%, budista 0,6%

Perseguição
Algumas limitações (
47ª posição na Classificação de países por perseguição)

Restrições
A lei garante liberdade religiosa, mas os cristãos sofrem discriminação e violência
 Fonte: Portas Abertas

2 comentários:

daladier.blogspot.com disse...

Prezado Silvio, o mais incrível é que nessas sociedades o homem nunca é punido. Absurdo total.

Elaine disse...

Ainda bem que existe um outro Deus, um Deus de amor, de bondade e misericórdia, que vê todas as coisas - mesmo as mais profundas e escondidas.

Ainda bem que existe um Deus que não tem o culpado por inocente, mas julga com reta justiça.

Ainda bem que existe um Deus que ama e sabe perdoar, que perdoa e dá-nos a oportunidade de recomeçarmos da maneira correta, lado a lado com Ele, instruídos por Ele...

Ainda bem que existe um Deus que nos vê como os seres mais caros de toda a criação, e não como simples objetos que podem ser destruídos, lançados fora tão logo se tornem desagradáveis por qualquer motivo, até pelos mais fúteis.

Ainda bem!

Não vamos cessar, pois, de contar sobre Este Deus ao mundo.

No amor dEle, que nos chama para a vida e não para a morte.

Elaine Cândida