No Uzbequistão, país da Ásia Central, os cristãos continuam a sofrer
perseguição. Para se ter uma ideia, possuir uma Bíblia pode ser
considerado um crime grave e as pessoas pegas com o Livro são espancadas
ou condenadas a pagar uma multa.
O Uzbequistão está localizado na Ásia central, entre o Cazaquistão e o
Turcomenistão. O território uzbeque é caracterizado pela presença de
desertos arenosos e pontilhados por dunas que circundam vales
intensamente irrigados ao longo dos rios Amu Dária, Sir Dária e
Zarafshon. A pecuária ocupa quase metade do território do país, que
apresenta um clima árido e não possui saída para o mar.
População
A população do Uzbequistão tem minguado nos últimos anos por conta da
emigração de uzbeques para países vizinhos, em busca de trabalho. No
entanto, ele ainda é o país mais populoso da Ásia Central.
Entre as principais cidades estão Tashkent, Samarqand e Bukhara,
todas com séculos de história. As comunidades rurais, onde vive mais da
metade da população uzbeque, são densamente povoadas.
A sociedade uzbeque lembra o Ocidente em muitos aspectos. O país
adotou o calendário gregoriano e não existem mais casamentos arranjados.
O uso da telefonia, televisão e de outros meios de comunicação está
crescendo amplamente.
A esmagadora maioria da população é muçulmana. No entanto, muitos
uzbeques praticam crenças supersticiosas debaixo da superfície islâmica,
utilizando amuletos e seguindo tradições animistas.
Há um descontentamento cada vez maior no país, o que alimenta o
extremismo religioso. O governo, por sua vez, tem adotado uma política
de mão-de-ferro, não tolerando grupos religiosos que não tenham sido
registrados.
Governo
Até o colapso do comunismo na década de 1990, o Uzbequistão era parte
da União Soviética. Sua independência foi declarada em 1991 e uma nova
Constituição foi promulgada no final de 1992.
O texto constitucional, no entanto, tem passado por diversas
alterações. O atual sistema de governo é uma república presidencialista
baseada em uma legislação derivada do sistema legal soviético, e o país
ainda carece de um sistema judiciário independente.
Economia
O Uzbequistão era uma das repúblicas mais pobres da antiga União
Soviética. Atualmente, ele é o segundo maior exportador de algodão do
mundo e fornecedor de gás natural e ouro.
Além disso, as indústrias químicas e metalúrgicas do país formam um
importante polo industrial na região.
Mas sua situação econômica está se
deteriorando rapidamente, uma vez que não foram realizadas as reformas
necessárias. Junto a isso, o nível de corrupção e burocracia impede o
crescimento econômico e sufoca iniciativas privadas.
O controle estrito sobre a agronomia é comum e, apesar de declarações
sobre reforma agrária e privatização no setor, os fazendeiros não têm
autonomia real. Para que haja uma reforma, é necessário que a corrupção
seja combatida a partir das esferas mais altas da sociedade.
O Uzbequistão está na rota do narcotráfico, que vai do Afeganistão
para o mercado russo e do Leste Europeu. O país luta contra a
dependência química que atinge um número cada vez maior de habitantes.
A Igreja
O cristianismo foi difundido na Ásia Central pela Igreja Apostólica
do Oriente, mas foi drasticamente afetado pelas campanhas militares de
Tamerlão (o último conquistador da Ásia Central) nos séculos XIV e XV.
Nos séculos seguintes, o islamismo passou a dominar as áreas
conquistadas. Com tudo isso, o cristianismo é praticado hoje por menos
de 10% da população uzbeque.
Antes de 1991 , quando o Uzbequistão se tornou um Estado
independente, havia poucos cristãos. A Igreja Russa tinha de funcionar
em segredo e a maioria de seus membros não tinha visão de evangelizar e
compartilhar o evangelho com os uzbeques. Entretanto, no começo daquela
década, os uzbeques começaram a buscar o Senhor. Gradualmente, uma
Igreja começou a se formar, com um estilo de culto e evangelismo baseado
em sua própria cultura.
Geralmente a Igreja cresce na família. Os parentes percebem a mudança
que o evangelho causou em um parente e acabam abraçando a fé cristã.
Metade desses cristãos mantém sua identidade religiosa em sigilo. Os
demais são ortodoxos russos que se mudaram para o país durante o domínio
soviético. Muitos ortodoxos estão regressando para a Rússia, o que tem
feito a Igreja no Uzbequistão diminuir.
O crescimento da Igreja nativa (formada por convertidos uzbeques) é rápido. O número de pequenos grupos cresce a largos passos.
A perseguição
O controle que o governo exerce sobre a Igreja é forte. Todas as
comunidades religiosas têm de se registrar. Porém, para a Igreja
protestante, esse é um processo longo, cansativo e quase impossível.
Geralmente o registro é negado; às vezes, ele é concedido só para ser
retirado novamente. Não há igrejas nativas uzbeques com registro (só as
estrangeiras o possuem).
O governo não permite nenhum tipo de culto ou religião independente.
Além disso, todas as formas de evangelização são proibidas. Líderes
cristãos são constantemente vigiados e sofrem frequentes hostilidades no
país.
A importação e impressão de livros no país são estritamente
monitoradas e censuradas. As autoridades nacionais e locais confiscam
livros cristãos no idioma uzbeque com frequência. Há altíssimas multas
para aqueles envolvidos em distribuição de livros cristãos.
A televisão nacional transmite programas negativos sobre as igrejas.
Como resultado, muitas pessoas sofreram pressões físicas e psicológicas
na comunidade em que vivem.
Em 2006, o pastor pentecostal Dmitry Shestakov, foi condenado a
quatro anos de prisão por promover atividades religiosas. Pediu apelo da
sentença, mas este lhe foi negado. Foi dito que primeiramente a
promotoria tentou acusar o pastor sob o artigo 216-2 do Código Criminal,
que pune “violação da lei de organizações religiosas” com prisões de
até três anos. Entretanto, a polícia secreta do Serviço de Segurança
nacional ordenou que Dmitry fosse acusado de traição, uma ofensa mais
séria.
“A polícia secreta estava particularmente irritada porque Dmitry estava
pregando entre o povo uzbeque”, disse um cristão. “Parece que eles estão
se preparando para fazer do julgamento de Dmitry um aviso para os
outros.”
O caso do pastor Dmitry Shestakov é único no que diz respeito à
perseguição de minorias religiosas na história recente do Uzbequistão.
Quando as autoridades querem punir fiéis religiosos por sua atividade,
elas geralmente abrem processos sob “violação da lei de organizações
religiosas”, ou “violação de procedimento no ensino religioso”. A pena
máxima para quem infringe esses artigos é de 15 dias de prisão, embora
normalmente os religiosos sejam multados, em vez de irem para a cadeia.

No dia 7 de maio de 2007, Dmitry foi transferido da prisão de Andijan
para um campo de trabalhos forçados em Pskent. Lá ele passou duas
semanas em uma solitária por ter supostamente “violado regras internas”.
No dia 25 de maio, ele foi transferido novamente, desta vez para uma
prisão em Navoi. Esta cidade fica bem longe de Andijan. As autoridades
alegaram que a mudança aconteceu por causa de suposto mau comportamento.
Os dias para a família de Dmitry não têm sido fáceis. Eles não sabem em
qual prisão ele está. Enquanto isso, diversos membros da igreja do
pastor estão sendo investigados e punidos.
“Quando Dmitry foi preso eu estava com medo”, disse Marina, sua
esposa. “Tive medo, não por mim e pelas minhas filhas, mas por meu
marido. As crianças ainda não sabem expressar o sofrimento em lágrimas,
sofrem por dentro. Eu disse que o pai não era culpado. Expliquei que
sempre trabalhamos pela salvação do povo uzbeque e que esse era o preço a
pagar”, disse ela.
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Fontes
Blog do Wal Cordeiro
2008 Report on International Religious Freedom
Países@
Portas Abertas Internacional
The World Factbook
AD Industrial
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